REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Quinta-feira da 5ª Semana da Páscoa
1) Oração
Ó Deus, vossa graça nos
santificou
quando éramos pecadores
quando éramos pecadores
e nos deu a felicidade,
quando infelizes.
Vinde em socorro das vossas
criaturas
e sustentai-nos com vossos
dons,
para que não falte a força
da perseverança
àqueles a quem destes a
graça da fé.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 15,9-11)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 9“Como
meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se
guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu
guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11Eu vos
disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja
plena”.
3) Reflexão - Jo 15,9-11
* A
reflexão em torno da parábola da videira compreende os versículos 1 a 17. Ontem
meditamos os versículos 1 a 8. Hoje meditamos os versículos 9 a 11. Mas incluímos já hoje um breve comentário dos
versículos 12 a 17, pois é nestes versículos que desabrocha a flor e que a
parábola da videira mostra toda a sua beleza.,
* O
evangelho de hoje é de apenas três versículos, que dão continuidade ao
evangelho de ontem e trazendo mais luz para aplicar a comparação da videira à
vida das comunidades. A comunidade é como uma videira. Ela passa por momentos
difíceis. É o momento da poda, momento necessário para que produza mais frutos.
* João 15,9-11: Permanecer no amor, fonte da
perfeita alegria.
Jesus permanece no amor do Pai observando os
mandamentos que dele recebeu. Nós permanecemos no amor de Jesus observando os
mandamentos que ele nos deixou. E devemos observá-los com a mesma medida com
que ele observou os mandamentos do Pai: “Se
vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu
obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”. É nesta união de amor do Pai e de Jesus
que está a fonte da verdadeira alegria: “Eu
disse isso a vocês para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês
seja completa”.
* João 15,12-13: Amar os irmãos como ele nos amou.
O mandamento de Jesus é um só: "amar-nos uns aos
outros como ele nos amou!" (Jo 15,12). Jesus ultrapassa o Antigo
Testamento. O critério antigo era: "Amarás o teu próximo como
a ti mesmo" (Lv 18,19). O novo critério é: "Amai-vos uns aos
outros como eu vos amei". Aqui ele disse aquela frase que
cantamos até hoje: "Prova de amor maior não há que doar a vida pelo
irmão!"
* João 15,14-15 Amigos e não empregados
"Vocês serão meus amigos se praticarem o que eu
mando", a saber, a prática do amor até a doação total de si! Em seguida, Jesus coloca um ideal altíssimo para a vida
dos discípulos e das discípulas. Eles diz: "Não
chamo vocês de empregados mas de amigos. Pois o empregado não sabe o que faz o
seu patrão. Chamo vocês de amigos, porque tudo que ouvi do meu Pai contei para
vocês!" Jesus não tinha mais segredos para os seus discípulos e suas
discípulas. Tudo que ouviu do Pai contou para nós! Este é o ideal bonito da
vida em comunidade: chegarmos à total transparência, ao ponto de não haver mais
segredos entre nós e de podermos confiar totalmente um no outro, de podermos
partilhar a experiência que temos de Deus e da vida e, assim, enriquecer-nos
mutuamente. Os primeiros cristãos conseguiram realizar este ideal durante
alguns anos. Eles "eram um só
coração e uma só alma" (At 4,32; 1,14; 2,42.46).
* João 15,16-17: Foi Jesus que nos escolheu
Não fomos nós que escolhemos Jesus. Foi ele que nos
encontrou, nos chamou e nos deu a missão de ir e dar fruto, fruto que
permaneça. Nós precisamos dele, mas ele também quer precisar de nós e do nosso
trabalho para poder continuar fazendo hoje o que fez para o povo na Galiléia. A
última recomendação: "Isto vos
mando: amai-vos uns aos outros!"
* O
Símbolo da Videira na Bíblia.
O povo da Bíblia cultivava videiras e produzia bom
vinho. A colheita da uva era uma festa, com cantos e danças. Foi daí que se
originou o cântico da vinha, usado pelo profeta Isaías. Ele compara o povo de
Israel com uma videira (Is 5,1-7; 27,2-5; Sl 80,9-19). Antes dele, o profeta
Oséias já tinha comparado Israel a uma vinha exuberante que quanto mais
produzia frutos, mais multiplicava suas idolatrias (Os 10,1). Este tema foi
também utilizado por Jeremias, que comparou Israel a uma vinha bastarda (Jr
2,21), da qual seriam arrancados os ramos (Jr 5,10; 6,9). Jeremias usa estes
símbolos porque ele mesmo teve uma vinha que foi pisada e devastada pelos
invasores (Jr 12,10). Durante o cativeiro da Babilônia, Ezequiel usou o símbolo
da videira para denunciar a infidelidade do povo de Israel. Ele contou três parábolas
sobre a videira: 1) A videira queimada que já não serve mais para coisa alguma
(Ez 15,1-8); 2) A videira falsa plantada e protegida por duas águias, símbolos
dos reis da Babilônia e do Egito, inimigos de Israel (Ez 17,1-10). 3) A videira
destruída pelo vento oriental, imagem do cativeiro da Babilônia (Ez 19,10-14).
A comparação da videira foi usada por Jesus em várias parábolas: os
trabalhadores da vinha (Mt 21,1-16); os dois filhos que devem trabalhar na
vinha (Mt 21,33-32); os que arrendaram uma vinha, não pagaram ao dono,
espancaram seus servos e mataram seu filho (Mt 21,33-45); a figueira estéril
plantada na vinha (Lc 13,6-9); a videira e os ramos (Jo 15,1-17).
4) Para confronto pessoal
1. Somos amigos e não empregados. Como vivo isto no
meu relacionamento com as pessoas?
2. Amar como Jesus nos amou. Como cresce em mim este
ideal do amor?
5) Oração final
Dia após dia anunciai sua salvação,
manifestai a sua glória entre as nações,
e entre os povos do universo seus
prodígios! (Sl 95, 3)
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