REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
Terça-feira da 3ª Semana da Páscoa
1) Oração
Ó Deus, que abris as portas do reino dos céus
aos que renasceram pela água e pelo Espírito Santo,
aumentai em vosso filhos a graça que lhes destes
para que, purificados de todo o pecado,
obtenham os bens que prometestes.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6,30-35)
Naquele tempo, 30os judeus perguntaram: “Que sinais
realizas para que possamos ver e acreditar em ti? Que obras fazes? 31Nossos pais comeram o maná no
deserto, como está escrito: ‘Deu-lhes a comer o pão do céu’”. 32Jesus respondeu: “Em verdade, em
verdade, vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu. É meu Pai quem vos
dá o verdadeiro pão do céu. 33Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. 34Eles então pediram: “Senhor, dá-nos
sempre desse pão!” 35Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais
fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede.
3) Reflexão
* O Discurso do Pão da Vida não é um texto
para ser discutido e dissecado, mas sim para ser meditado e ruminado. Por isso,
caso você não entender logo tudo, não se preocupe. Este texto do Pão da Vida
exige toda uma vida para meditá-lo e aprofundá-lo. Um texto assim, a gente deve
ler, meditar, rezar, pensar, ler de novo, repetir, ruminar, como se faz com um
doce gostoso na boca. Vai virando e virando, até se gastar. Quem lê o Quarto
Evangelho superficialmente pode ficar com a impressão de que João repete sempre
a mesma coisa. Lendo com mais atenção, você perceberá que não se trata de
repetição. O autor do Quarto Evangelho tem um jeito próprio de repetir o mesmo
assunto, mas num nível cada vez mais alto ou mais profundo. Parece uma escada
em caracol. Girando você volta ao mesmo lugar, mas num nível mais alto ou mais
profundo.
* João 6,30-33: Que sinal realizas para que possamos crer? O povo tinha perguntado: O que devemos fazer para
realizar a obra de Deus? Jesus respondeu: “A
obra de Deus é acreditar naquele que ele enviou”, isto é, crer em Jesus. Por isso o povo formula
nova pergunta: “Que sinal realizas, para que possamos ver e crer em ti? Qual é
a tua obra?” Isto significa que eles não entenderam a multiplicação dos pães
como um sinal da parte de Deus para legitimar Jesus junto ao povo como o
enviado de Deus! E eles continuam argumentando: No passado, nossos pais comeram
o maná que foi dado por Moisés! Eles o chamavam de “pão do céu” (Sb 16,20), ou seja, “pão de Deus”. Moisés continua sendo o grande líder, no qual
acreditam. Se Jesus quer que o povo acredite nele, deve fazer um sinal maior
que o de Moisés. “Qual a tua obra?”
* Jesus
responde que o pão dado por Moisés não era o pão verdadeiro do céu. Veio do
alto, sim, mas não era o pão de Deus, pois não garantiu a vida para ninguém.
Todos eles morreram no deserto (Jo 6,49). O pão do céu verdadeiro, o pão de
Deus, é aquele que vence a morte e traz vida! É aquele que desce do céu e dá
vida ao mundo. É o próprio Jesus! Jesus tenta ajudar o povo a se libertar dos
esquemas do passado. Para ele, fidelidade ao passado não significa fechar-se
nas coisas de antigamente e recusar a renovação. Fidelidade ao passado é
aceitar o novo que chega como fruto da semente plantada no passado.
* João 6,34-35: Senhor, dá-nos sempre desse pão! Jesus responde claramente:
"Eu sou o pão da vida!" Comer o
pão do céu é o mesmo que crer em
Jesus e aceitar o caminho que ele ensinou, a saber: "O meu alimento é
fazer a vontade do Pai que está no céu!" (Jo 4,34). Este é o alimento
verdadeiro que sustenta a pessoa, dá rumo e traz vida nova. Este último
versículo do evangelho de hoje (Jo 6,35)
será retomado como primeiro versículo do evangelho de amanhã (Jo 6,35-40).
4) Para um confronto pessoal
1) Fome de pão, fome de Deus. Qual dos dois predomina
em mim?
2) Jesus disse: “Eu sou o pão da vida”. Ele mata a
fome e a sede. Qual a experiência que tenho neste ponto?
5) Oração final
Inclina para mim teu ouvido, vem depressa
livrar-me.
Sê para mim o rochedo que me acolhe,
refúgio seguro, para a minha salvação.
Pois tu és minha rocha e meu baluarte,
pelo teu nome me diriges e me guias. (Sl 30,3-4)
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