REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
Segunda-feira da 3ª Semana da Páscoa
1) Oração
Ó Deus, vós que mostrais aos que erram a luz da verdade
para que possam voltar ao bom caminho,
concedei a todos os que se gloriam da vocação cristã
rejeitem o que se opõe a este nome
e abracem quanto possa honrá-lo.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6,22-29)
22No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar notou
que antes havia aí um só barco e que Jesus não tinha entrado nele com os
discípulos, os quais tinham partido sozinhos. 23Entretanto, outros barcos chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde
tinham comido o pão depois de o Senhor ter dado graças. 24Quando a multidão percebeu que Jesus
não estava aí, nem os seus discípulos, entraram nos barcos e foram procurar
Jesus em Cafarnaum. 25Encontrando- o do outro lado do mar, perguntaram-lhe: “Rabi, quando
chegaste aqui?” 26Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, vos digo: estais me procurando
não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes saciados. 27Trabalhai não pelo alimento que
perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do
Homem vos dará. Pois a este, Deus Pai o assinalou com seu selo. 28Perguntaram então: “Que devemos
fazer para praticar as obras de Deus?” 29Jesus respondeu: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele
enviou”.
3) Reflexão
* No
evangelho de hoje iniciamos a reflexão sobre o Discurso do Pão da Vida (Jo 6,22-71), que se prolongará durante os
próximos seis dias, até o fim desta semana. Depois da multiplicação dos pães, o
povo foi atrás de Jesus. Tinha visto o milagre, comeu com fartura e queria
mais! Não se preocupou em procurar o sinal
ou o apelo de Deus que havia em tudo isso. Quando o povo encontrou Jesus na
sinagoga de Cafarnaum, teve com ele uma longa conversa, chamada Discurso do Pão da Vida. Não é
propriamente um discurso, mas trata-se de um conjunto de sete pequenos diálogos
que explicam o significado da multiplicação dos pães como símbolo do novo Êxodo
e da Ceia Eucarística.
* É bom
ter presente a divisão do capítulo para poder perceber melhor o seu sentido:
6,1-15: o grande da multiplicação dos pães
6,16-21: a travessia do lago, e Jesus caminhando sobre
as águas
6,22-71: o diálogo de Jesus com o povo, com os judeus
e com os discípulos
1º diálogo: 6,22-27
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com o povo:
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o povo procura Jesus e o
encontra em Cafarnaum
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2º diálogo: 6,28-34
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com o povo:
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a fé como obra de Deus e
o maná no deserto
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3º diálogo: 6,35-40
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com o povo:
|
o pão verdadeiro é fazer
a vontade de Deus
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4º diálogo: 6,41-51
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com os judeus:
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murmurações dos judeus
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5º diálogo: 6,52-58
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com os judeus:
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Jesus e os judeus
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6º diálogo: 6,59-66
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com os discípulos:
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reação dos discípulos
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7º diálogo: 6,67-71
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com os discípulos:
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confissão de Pedro
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* A
conversa de Jesus com o povo, com os judeus e com os discípulos é um diálogo
bonito, mas exigente. Jesus procura abrir os olhos do povo para que aprenda a
ler os acontecimentos e descubra neles o rumo que deve tomar na vida. Pois não
basta ir atrás de sinais milagrosos que multiplicam o pão para o corpo. Não só
de pão vive o homem. A luta pela vida sem uma mística não alcança a raiz.
Enquanto vai conversando com Jesus, o povo fica cada vez mais contrariado com
as palavras dele. Mas Jesus não cede, nem muda as exigências. O discurso parece
um funil. Na medida em que a conversa avança, é cada vez menos gente que sobra
para ficar com Jesus. No fim só sobram os doze, e nem assim Jesus pode confiar
em todos eles! Hoje acontece a mesma coisa. Quando o evangelho começa a exigir
compromisso, muita gente se afasta.
* João 6,22-27: O povo procura Jesus porque quer mais pão. O povo foi atrás de Jesus. Viu que ele não tinha entrado
no barco com os discípulos e, por isso, não entendeu como ele tinha feito para
chegar em Cafarnaum. Também não entendeu o milagre da multiplicação dos pães. O
povo viu o que aconteceu, mas não chegou a entendê-lo como um sinal
de algo mais alto ou mais profundo. Parou na superfície: na fartura de comida.
Buscou pão e vida, mas só para o corpo. No entender do povo, Jesus fez o que
Moisés tinha feito no passado: deu alimento farto para todos no deserto. Indo
atrás de Jesus, eles queriam que o passado se repetisse. Mas Jesus pede que o
povo dê um passo adiante. Além do trabalho
pelo pão que perece, deve trabalhar
pelo alimento não perecível. Este novo alimento será dado pelo Filho do Homem,
indicado pelo próprio Deus. Ele traz a vida que dura para sempre. Ele abre
para nós um novo horizonte sobre o sentido da vida e sobre Deus.
* João 6,28-29: Qual é a obra de Deus? O
povo pergunta: O que devemos fazer para realizar este trabalho (obra) de Deus?
Jesus responde que a grande obra que Deus pede de nós “é crer naquele que
Deus enviou” . Ou seja, crer em Jesus!
4) Para um confronto pessoal
1) O povo estava com fome, comeu do pão e procurava
mais pão. Procurou o milagroso e não buscou o sinal de Deus que nele se
escondia. O que eu mais procuro na minha vida: milagre ou sinal?
2) Pare um momento, faça silêncio dentro de você e
pergunte a si mesmo: “Crer em Jesus: o que significa isto para mim bem
concretamente no dia a dia da minha vida?”
5) Oração final
Eu te expus meus caminhos e me
respondeste;
ensina-me teus estatutos.
Faze-me conhecer o caminho dos teus
preceitos
e meditarei nos teus prodígios. (Sl 118,26-27)
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