REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Quinta-feira da 6ª Semana da Páscoa
1) Oração
Ó Deus, que fizestes o vosso povo
participar da vossa redenção,
concedei que nos alegremos constantemente
com a ressurreição do Senhor.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo Mateus (João
16, 16-20)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 16“Um pouco de tempo, e não mais me
vereis; e mais um pouco, e me vereis de novo”. 17Alguns dos seus discípulos comentavam: “Que significa isto que ele está
dizendo: ‘Um pouco de tempo e não mais me vereis, e mais um pouco, e me vereis
de novo’ e ‘Eu vou para junto do Pai’?” 18Diziam ainda: “O que é esse ‘pouco’? Não entendemos o que ele quer
dizer”. 19Jesus entendeu que eles queriam fazer perguntas; então falou: “Estais
discutindo porque eu disse: ‘Um pouco de tempo, e não me vereis, e mais um
pouco, e me vereis de novo’? 20Em verdade, em verdade, vos digo: chorareis e lamentareis, mas o mundo
se alegrará. Ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria.
3) Reflexão
• João 16,16: ausência e presença.
Jesus
diz "um pouco" (mikrón), ou seja, um tempo muito curto, como um
"momento". Ao longo dos muitos matizes, se quer enfatizar a brevidade
de tempo. Se o tempo que Jesus passou junto aos seus como Verbo Encarnado foi
muito curto, igualmente será breve o tempo entre sua partida e seu regresso.
Não haverá mudança na situação interna dos seus discípulos, porque não muda a
relação deles com Jesus: há uma proximidade permanente. Assim, a visão de Jesus
não sofrerá interrupção, mas terá como característica a comunhão de vida com
Ele (Jo 14,19). É interessante o uso repetido do verbo "ver" no
versículo 16: "Um pouco de tempo, e não mais me vereis; e mais um
pouco, e me vereis de novo". A expressão "Um pouco de tempo, e não mais
me vereis", recorda a maneira pela qual os discípulos vêem no Jesus
histórico o Filho de Deus; a outra expressão "mais um pouco, e me vereis de novo"
se refere à experiência do Cristo ressuscitado. Parece que Jesus quer dizer aos
seus discípulos que por brevíssimo tempo permanecerão ainda em condição de
vê-lo, reconhecê-lo em sua carne visível, mas depois o contemplarão com uma
visão diferente, porque ele se lhes mostrará transformado, transfigurado.
• João 16,17-19: A incompreensão
dos discípulos.
Enquanto
isso, alguns discípulos não conseguem entender o que significa esta ausência de
Jesus, ou seja, sua ida ao Pai. Experimentam desconforto diante das palavras de
Jesus, e o expressam com quatro interrogações, unidas na mesma expressão:
"O que é que isso nos diz?". O leitor já ouviu isso outras vezes nas
perguntas de Pedro, de Filipe, de Tomé, de Judas – não o Iscariotes, e agora as
dos discípulos que pedem explicações. Os discípulos não compreendem realmente o
que Ele está falando. Eles não entendem como Jesus, se ele vai ao Pai, pode ser
visto de novo por eles (vv.16-19). Mas a questão parece centrar-se sobre aquele
"pouco", que para o leitor parece ser um tempo muito longo que não
termina nunca, especialmente quando se está na angústia e tristeza. De fato,
não passa o tempo da tristeza. Espera-se uma resposta por parte de Jesus, mas o
evangelista retoma outra vez a pergunta: Estais discutindo porque eu disse: ‘Um
pouco de tempo, e não me vereis, e mais um pouco, e me vereis de novo’?
"(v.19)
• João 16,20: A resposta de Jesus.
Na verdade, Jesus não
responde a pergunta que lhe fazem: "O que é esse ‘pouco’?"
Mas os convida à confiança. É verdade que os discípulos serão provados, vão
sofrer muito, eles se sentirão sós diante de uma situação hostil, abandonados a
um mundo que se alegra com a morte de Jesus, mas Jesus assegura que sua
tristeza se tornará em alegria. À tristeza se contrapõe um tempo, no qual tudo
será invertido. A expressão adversativa "mas a vossa tristeza se transformará em
alegria", ressalta esta mudança de perspectiva. Para o leitor, é claro que
a expressão "um pouco", "dentro de um curto espaço de
tempo" corresponde ao momento ou época em que a situação será alterada,
mas até então, tudo será tristeza e prova.
Em
resumo, os discípulos recebem de Jesus uma promessa de felicidade e alegria; em
virtude daquele momento em que será invertida aquela situação difícil a que
"os seus" e a comunidade eclesial estão submetidos, eles entrarão na
realidade de um mundo iluminado pela ressurreição.
4) Para confronto pessoal
1.
Tenho
certeza de que vai passar o tempo de teste e Ele vai estar comigo?
2. " Ficareis tristes, mas a vossa
tristeza se transformará em alegria." Qual é o impacto dessas palavras de
Jesus sobre os acontecimentos de sua vida? Como você vive as situações de
tristeza e angústia?
5) Oração final
Antes que se formassem as montanhas,
e a terra e o universo fossem gerados,
desde toda a eternidade vós sois Deus (Sl
89).
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