quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sexta-feira da 6ª Semana da Páscoa


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Sexta-feira da 6ª Semana da Páscoa

1) Oração

Ó Deus, fazei que a pregação do Evangelho por toda a terra
realize o que prometestes ao glorificar o vosso Verbo,
para que possamos alcançar,
vivendo plenamente como filhos,
o que foi anunciado pela vossa palavra.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 16, 20-23a)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 20Em verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de transformar em alegria. 21Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio a sua hora. Mas, depois que deu à luz a criança, já não se lembra da aflição, por causa da alegria que sente de haver nascido um homem no mundo. 22Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria. 23Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma.

3) Reflexão – Jo 16,20-23a
*  Nestes dias entre Ascensão e Pentecostes, os evangelhos de cada dia são tirados dos capítulos 16 a 21 do evangelho de São João, onde fazem parte do assim chamado “Livro da Consolação ou da Revelação perante a Comunidade” (Jo 13,1 a 21,31). Este Livro tem a seguinte subdivisão: despedida dos amigos (Jo 13,1 a 14,31); testamento de Jesus e oração ao Pai (Jo 15,1 a 17,28); a obra consumada (Jo 18,1 a 20,31). O ambiente é de tristeza e de expectativa. Tristeza, porque Jesus se despede e a saudade toma conta do coração. Expectativa, porque está chegando a hora de receber o dom prometido do consolador que fará desaparecer a tristeza e trará de volta a alegria da presença amiga de Jesus no meio da comunidade.
*  João 16,20: A tristeza se transformará em Alegria
*  Jesus diz: “Eu lhes garanto: vocês vão gemer e se lamentar, enquanto o mundo vai se alegrar. Vocês ficarão angustiados, mas a angústia de vocês se transformará em alegria”. A freqüente alusão à tristeza e ao sofrimento reflete o ambiente das comunidades do fim do primeiro século na Ásia Menor (atual Turquia), para as quais João escreve o seu evangelho. Elas viviam uma situação difícil de perseguição e de opressão que era causa de tristeza. Os apóstolos tinham ensinado que Jesus voltaria logo, mas a parusia, o retorno glorioso de Jesus, estava demorando e a perseguição aumentava. Muitos ficavam impacientes: “Até quando?” (cf. 2Tess 2,1-5; 2Pd 3,8-9). Pois, uma pessoa só agüenta uma situação de sofrimento e de perseguição quando ela sabe que o sofrimento é caminho e condição para a perfeita alegria. Então, mesmo tendo a morte diante dos olhos, ela agüenta e enfrenta a dor. Por isso o evangelho traz a comparação tão bonita das dores do parto.
*  João 16,21: A comparação das dores do parto
*  Todos entendem esta comparação, sobretudo as mães: “Quando a mulher está para dar à luz, sente angústia, porque chegou a sua hora. Mas quando a criança nasce, ela nem se lembra mais da aflição, porque fica alegre por ter posto um ser humano no mundo”. A dor e a tristeza causadas pela perseguição, mesmo sem oferecerem nenhum horizonte de melhora, não são estertores de morte, mas sim dores de parto. As mães sabem disto por experiência. A dor é terrível, mas elas agüentam, porque sabem que a dor é fonte de vida nova. Assim é a dor da perseguição dos cristãos, e assim pode e deve ser vivida qualquer dor, contanto que seja à luz da experiência da morte e ressurreição de Jesus.
*  João 16,22-23a: A alegria eterna
*  Jesus aplica a comparação: Agora, vocês também estão angustiados. Mas, quando vocês tornarem a me ver, vocês ficarão alegres, e essa alegria ninguém tirará de vocês. Nesse dia, vocês não me farão mais perguntas. Esta é a certeza que anima as comunidades cansadas e perseguidas da Ásia Menor e as faz cantar de alegria no meio das dores. Como diz o poeta: “Faz escuro, mas eu canto!” Ou como diz o místico São João da Cruz: “Em uma noite escura, com ânsias e amores inflamado, ó ditosa ventura, saí sem ser notado, estando já minha casa sossegada!” A expressão Nesse Dia indica a chegada definitiva do Reino que traz consigo a sua própria claridade. À luz de Deus já não haverá mais necessidade de perguntar coisa alguma. A luz de Deus é a resposta total e plena a todas as perguntas que poderiam nascer de dentro do coração humano.

4) Para confronto pessoal

1) Tristeza e alegria. Elas existem misturadas na vida. Como isto acontece em sua vida?
2) Dores de parto. Esta experiência está na origem da vida de cada um de nós. Minha mãe agüentou a dor com esperança, e por isso eu estou vivo. Pare e pense neste mistério da vida.

5) Oração final

Povos, aplaudi com as mãos,
aclamai a Deus com vozes alegres,
porque o Senhor é o Altíssimo, o temível,
o grande Rei do universo (Sl 46, 2-3).



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